quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Um efeito colateral do fechamento do Megaupload

Além dos holofotes da operação cinematográfica que foi o fechamento do Megaupload e a prisão de seus fundadores, a ação do FBI de ir para cima de sites de armazenamento de arquivos pode prejudicar uma das práticas mais interessantes da web: os blogs de música. E eliminar uma quantidade imensa de conteúdo resgatado do ostracismo.
Sites como Megaupload, Mediafire e 4shared são chamados “cyberlockers”, serviços de compartilhamento de arquivos de terceiros. Por serem simples e gratuitos, permitindo a troca rápida de arquivos grandes, são também as ferramentas mais usadas pelos blogueiros que pesquisam e disponibilizam seus achados na web.
“Os melhores blogs de música não são piratas”, diz Jason Sigal, diretor do Free Music Archive. Ele se refere à blogosfera que faz um papel de resgate e preservação da música – função que vai bem além da simples distribuição de links para download de discos pirateados. Eles são responsáveis pelo resgate e pela digitalização de obras esgotadas ou mesmo pela divulgação de algo não chegaria ao Brasil de outra forma.
E o País tem grandes blogs de pesquisa musical. Vou ficar em três exemplos: o BrNuggets, dedicado à música brasileira obscura dos anos 60 e 70, o You&Me On a Jamboree, de resgate de música jamaicana, e o Som Barato, que vive em idas e vindas.Todos os discos postados estão fora de catálogo. Isso é pirataria ou difusão cultural?”, questiona Fábio Peraçoli, do BrNuggets. Se você já ouviu falar do Paêbiru, disco obscuro de Lula Côrtes e Zé Ramalho lançado no início dos anos 70, você provavelmente deve isso ao BrNuggets. Ele que semeou a versão online do disco, postada em 2006, mas que até hoje circula pela web. Ao pé da lei, é pirataria. A atual lei de direitos autorais não prevê mecanismos especiais de licenciamento ou de digitalização de obras esgotadas, caso do disco.
Os blogs musicais são uma parcela muito pequena dentro de grandes corporações como o Megaupload. E são uma parcela delicada, que tem de se equilibrar na ilegalidade e até driblar a perseguição, nos casos mais extremos, para continuar divulgando sua paixão. Agora, todos terão um novo trabalho: migrar os links para outra plataforma.
Depois do que aconteceu com o Megaupload outros serviços do tipo começaram a mudar sua postura. O 4Shared, bem popular aqui no Brasil (somos o país com o maior número de usuários: 16 milhões), mudou o visual e quer ficar parecido com o Dropbox. O FileSonic decidiu eliminar suas ferramentas de compartilhamento. E o MediaFire desabilitou o acesso aos links através da busca do Google. O cerco está se fechando.
Não é o fim. Se os arquivos sumiram, a imensa comunidade que se cria por meio dos blogs ajuda a repor o conteúdo perdido. Plataformas vão e vêm, mas a comunidade permanece. É essa a natureza da internet. O risco de perder um trabalho de resgate e digitalização com o caso do Megaupload deixa claro: são necessárias regras, sim. Mas flexíveis.Podemos dizer o mesmo quanto à preservação digital dos quadrinhos!!!Obs..(comentário incluso por mim). Att. Chesco36

Fonte:  Tatiana Mello Dias – blog P2P e Culturas Digitais – Estadão.com.br
Dica de Carlos Cerqueira

6 comentários:

CAAC disse...

"Podemos dizer o mesmo quanto à preservação digital dos quadrinhos!!!Obs..(comentário incluso por mim)". Att. Chesco36

SIM, COM CERTEZA PODEMOS.
A NÃO SER QUE QUEIRAMOS FICAR NAS MÃOS DOS OPORTUNISTAS QUE VENDEM GIBIS NO MERCADO LIVRE.
MUITAS PRECISANDO DE RESTAURAÇÃO, MAS RESTAURAR PAPEL É BEM MAIS DIFICIL (OU IMPOSSIVEL).
ABS.

CAAC disse...

Curiosidade transcrita do blog da Tatiana:
‘Eu tenho um sonho’,
mas ele é da EMI

O discurso “Eu tenho um sonho” de Martin Luther King já foi definido como “uma das maiores demonstrações de liberdade da história dos EUA”. Só que ele não pode ser reproduzido, falado ou traduzido. Ele é protegido. E os direitos pertencem à EMI. Para ter acesso ao discurso é preciso pagar US$ 20 pelo DVD. A gravadora não revela quanto pagou pelos direitos de Luther King.

Chesco36 disse...

Que contraste hem amigo? Uma das maiores demosntrações de liberdade, mas tem que pagar para ter o acesso.Isso sim deveria ser considerado crime!!!

Sabino disse...

Olá amigo Adriano,
A grande verdade quanto ao fechamento do MegaUpload é que o Kim schimtz o fundador do site, bateu de frente com as gravadoras, principalmente a Time Warner com os projetos chamados "Megabox e Megakey" que iriam concorrer diretamente com as gravadoras beneficiando os artistas; que ficariam com 90% dos lucros de suas musicas ( e já tinha conseguido o apoio de muitos artistas famosos), por isso aconteceu o fechamento do site.
O que me chateia e ver as pessoas com esta "sindrome de fim do mundo" dizendo que todos os sites de armazenamento vão fechar, a coisa não é bem assim, parece que as pessoas curtem essa idéia de acabar com tudo; e com isso elas se fecham como um caracól, e nem querem enchergar as coisas!
Abraço e parabéns por repostar esse artigo que é muito exclarecedor.
Sabino

Anônimo disse...

Mas a culpa deve ser da familia, que prostituiu o homem morto (ele certamente é que não podia assinar o contracto).

Então a mulher vendo o marido morto ao retalho e a culpa é da corporação?

(se uma corporação não comprasse, comprava outra, ou um individual (o michael jackson comprou o portfolio dos beatles individualmente) o problema é que vende)

Anônimo disse...

Pode ser que alguem ainda faça isso... realmente era uma boa ideia... infelimente poucas pessoas sabem da razão por trás dos raids.